sexta-feira, maio 30, 2008

Voltei e lá estavas tu...

Depois de tantas semanas sem sequer ligar o computador, foi no mínimo curioso que fosse a tua a primeira janela a aparecer na tela. Um "oi, miúda" brilhante e silencioso que me apertou o coração.
É bom conversar contigo e ver que continuamos a ter essa nossa velha sintonia, tu e eu.
Ainda lembro do nosso primeiro encontro, da química imediata. Era um dezembro ventoso e tu usavas calças "surfer" e uma t-shirt, leves demais para o inverno da capital. Amei teu sotaque e teu sorriso descarado, tua pele arrepiada de frio e teus olhos de cachorro.
Falas do teu último fracasso. Reclamas do mundo e das mulheres, do amor e do sexo e eu digo o que sempre te disse, que já não tens idade para mudar... Acostuma-te contigo e depois com o mundo, mulheres incluidas, meu bem.
2001 tinha oito dias quando te encontrei na porta da igreja, o telefone colado à orelha como sempre. A viagem tinha sido cansativa e só querias dormir... Jantámos, conversámos e esperámos até minha irmã deitar (ainda morava eu com ela, nesses anos de estudantes). Eu não sabia o que fazer... Tinha preparado a segunda cama do meu quarto para não ofender-te, mas tu disseste "Nin, eu sou do sul e cá tá muito frio, deixa eu dormir contigo".
Tu não sabias como batia meu coração quando entrei na cama e abri os lençóis para ti.
Nem te lembras da minha timidez quando pus a cabeça sobre teu braço estendido.
Mas te apercebeste, ao beijar-me, do meu medo, e disseste "por que tás corada? Eu vou só cuidar de ti".
E amei teu corpo como antes tinha amado teu espírito. E dormi abraçada a ti porque sabia que no dia seguinte recobraríamos a cordura e queria reter teu aroma na memória para as noites frias que viriam.
Vejo na tua janelinha que continuas linda... Hoje está frio aqui.