terça-feira, maio 23, 2006

Levante

- Sumeris.
- Bonito nome. Estranho.
- Pois é.
- Era uma deusa do Oriente, não era?
- Sei lá.
- O meu é Pio.
- "Pio?!"
- Pio.
- De passarinho?
- Não, de devoto. Minha família era muito religiosa.
- Pio...
- Você é uma deusa?
- Ai, ai, ai...
- Do Oriente?
- Não sei. Carazinho é Oriente ou Ocidente?
Mas antes que a noite acabasse ele descobriria atrás da orelha dela um perfume de cedro e jasmin, e lamberia das suas coxas o sal de Bet'said, que sustentava as caravanas.

Luis Fernando Verissimo, As mentiras que os homens contam

6 Comments:

Anonymous Anónimo olhou e...

Nunca li nada dele mas gostei muito desta passagem. Quanto ao texto parece que a pergunta ficou por responder, mas uma coisa é certa, atingiram ambos o paraíso ;)

23 maio, 2006 22:11  
Blogger Phil's Studio olhou e...

As mulheres são "tramadas" (no bom sentido da palavra, entenda-se)...
Aquele abraço...

24 maio, 2006 00:03  
Blogger Nin olhou e...

Tramadas por quê? ;) Ele que estava à procura de uma deusa...

24 maio, 2006 10:39  
Blogger Phil's Studio olhou e...

Pela conversa, parece-me que a Deusa também queria ser "encontrada"... :)

24 maio, 2006 11:36  
Anonymous Anónimo olhou e...

Não concordo, ela durante todo o texto sempre se mostrou muito desinteressada, ao passo que ele vibrava com cada palavra sua. É verdade sim, que acabaram por fazer amor, mas quem é ela realmente, uma mercadora? Uma deusa? Ou uma prostituta? Infelizmente nunca o saberemos...

24 maio, 2006 12:03  
Blogger Phil's Studio olhou e...

É a tua interpretação. A minha é diferente. Eu vejo uma mulher a fazer-se de desinteressada. Mas acho exagerada a hipótese de ser uma prostituta.
É a vantagem de alguns textos: cada um interpreta-os à sua maneira...

25 maio, 2006 01:15  

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