terça-feira, setembro 25, 2007

Fanciulla

Chega ao pé de mim com esse sorriso bailando num canto da boca e roça meu pescoço com o nariz. Lascivo, provocante, irresistível.
- Como cheiras bem, Nin...
Sorriso aberto para mostrar os dentes perfeitos, grandes e brancos, num gesto malandro, quase ameaçador.
- Só dá vontade de morder-te.
- Mas não vais fazer; um homem que morde uma cadela daria uma notícia no telejornal.
Gargalhada. Exibe a pele macia onde a barba termina, a curva deliciosa do queixo, o contorno da covinha que lhe dá um ar meio infantil.
- Tu não és o que dizes. Fazes conta que és má, mas a mim não me enganas.
- Não sou má, é só que estou cansada...
- De mim?
- De ti e de teu jogo.
O avanço se detem. Levanta a sobrancelha com incredulidade e pega meu queixo com ar tranquilo. Devasso, lúbrico, sensual. Algo em mim fraqueja, mas aguento seu olhar com uma calma absolutamente fingida.
- MeNINa, o que é isso? Ma tu sei la mia...
- No. Io non voglio essere la tua fanciulla.

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