quarta-feira, outubro 10, 2007

Adieu

Tratei-te como uma irmã. Eras mais uma de nós na minha casa, na minha mesa, na minha vida. Eu cuidei de ti quando deixaste o teu namorado, quando começaste a tomar remédios para a depressão, quando decidiste mudar-te para outra cidade, quando o Bruno te deixou, quando perdeste teu emprego, quando choravas porque não sabias se gostavas da tua profissão.
Perdi horas de sono contigo, perdi horas de lazer contigo, mas não as considerava perdidas porque eras minha amiga. O importante era que tu te sentisses bem, o resto não me interessava.
Dei-te toda a confiança, toda a liberdade, dei-te até demais. E tu tiraste proveito de mim.
Mas agora, decepcionada, zangada, agora que passou a raiva e posso pensar com claridade, não consigo me lembrar de um momento ao contrário. Não consigo saber quando foi a última vez que ligaste para ver como eu estava, não consigo me lembrar se alguma vez fui eu a chorar no teu colo, não vejo na minha cabeça uma cena de ti a cozinhar para nós duas como eu fiz para ti ainda anteontem.
Não és minha amiga.
Há coisas que não se fazem nem mesmo tendo licença. Há coisas que não se fazem e pronto, mas tu não te importas com nada.
Anteontem vieste à minha casa mesmo para isso e esperaste até eu sair para atingi-lo.
Há um adjectivo para ti, mas eu sou uma dama. Por isso não te disse nada quando voltei e soube o que tinha acontecido, por isso me fechei no quarto sem querer jantar com vocês. Sentia tanta ira, tanta raiva, que se tivesse falado podes ter a certeza que teriamos acabado aos gritos... E tu com a mala na porta. Só não o fiz porque não havia autocarro para tua aldeia naquele horário. Sorte tua.
Agora pensa: se eu sou uma dama e tive a elegância suficiente para não gritar na tua cara, o que és tu, que não respeitas nada nem ninguém?
Adieu, catin.

2 Comments:

Blogger Fallen Angel olhou e...

Quanta amargura, doce vizinha..

:-(

Deixo um beijo..

11 outubro, 2007 15:02  
Blogger Phil's Studio olhou e...

É por isso que eu prefiro reagir no momento. A raiva sai mais facilmente e a mágoa torna-se mais ténue...

Conseguirás ultrapassar a questão. Pelos vistos, não te merece.

Aquele abraço.

11 outubro, 2007 17:20  

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