sábado, junho 21, 2008

Vertigem

Estavam perto. Podia ouvir seus passos trás de mim, rápidos, descuidados. Não tinha senão um caminho. Sentindo um zumbido ensurdecedor nos ouvidos, alcancei o fim da escada. Só tinha esse caminho...
Abri a janela e pulei. Cai sobre os pés e depois para o lado com um barulho pouco elegante. Durante dois ou três segundos, tudo foi preto na minha cabeça.
Abri os olhos e levantei-me. Com o tornozelo atravessado pela dor, fugi até não poder mais, respirando o ar quente de junho que me batia na cara e nos ombros. Tentei correr, coxeando, evidente e desvalida, até que meu coração ameaçou com dizer "basta".
Ofegante, encostei-me a uma árvore e apertei entre os dedos o único que importava; a chave. Una chavezinha velha e feia, oxidada, a conexão entre meu mundo e o seu. A ponte.
Tossi. O tornozelo parecia ter crescido até invadir meu corpo todo. Enjoada pela dor e pelo esforço, cai na erva seca e esqueci de tudo. Mas ainda tive tempo de pensar no que diriam quando soubessem o que tinha feito. E sorri.

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