domingo, abril 30, 2006

Entrevista com a vizinha

Pergunta: O que é ser voyeur?
Resposta: É olhar, observar, desfrutar do que nossos sentidos (não apenas os ohos) nos aportam.
P: Hedonismo?
R: Um tipo de hedonismo, sim. Para mim, ser voyeur é muito mais do que olhar... É sentir através das vivências de outros, é uma empatia. É viver muitas vidas.
P: A música é a vida?
R: A vida é música.
P: Uma música para fazer amor.
R: Para fazer amor... Gosto de muitas, mas hoje fico com "Everyday", de Jamiroquai.
P: E para...?
R: Para foder, "Rein Raus", de Rammstein.
P: Foder e fazer amor é a mesma coisa?
R: Não se pode fazer amor sem foder. Talvez a diferência seja uma questão de intensidade no olhar.
P: Uma cor.
R: Preto. Bom, para vestir preto... Mas também adoro vermelho. E branco, sem esquecer violeta. Ai... Só um?
P: Parece que gostas de cores escuras, mas então por que esses pompons amarelos na cabeça?
R: Pediste uma cor, e eu gosto de tantas...
P: Um livro.
R: Mil.
P: Uma sensação.
R: Curiosidade.
P: E com isso fechamos o círculo da voyeur, não é?
R: Percebeste... Um chá?

sexta-feira, abril 28, 2006

Novo visual

Cabeleireira: Essa tua nova cor fica-te linda, menina! Não gostas?
Vizinha: Em fim de contas, é castanho...
Cabeleireira: Que isso? Castanho é vulgar. Essa cor é chocolate!!!
Vizinha: o_O

(Cabelo de chocolate, cheiro de baunilha... Hoje não me livro de levar uma mordidela!!)

quinta-feira, abril 27, 2006

Bom começo

Entro na discoteca. Sei que estás aqui e vim só para te encontrar.
Cá estão nossos amigos, cá estás tu. Lindo com essas calças de ganga bem justas, a camisa branca, o sorriso malandro a brincar num canto da boca. Olha-me. Apaixona-te. Eu também vim vestida para matar.
Viro-me para cumprimentar outra amiga. Não quero que percas um só detalhe, o nó da blusa en minha nuca, os cachos do cabelo a cair delicadamente sobre os ombros, a pele macia das costas, as calças de cetim preto a contornar as coxas, as sandálias que descobrem a curva perfeita de um tornozelo.
Eu sou a voyeur, mas tu aprendes rápido; sinto teus olhos fixos em mim... E gosto.
Na relativa escuridão da disco, és ainda mais sedutor. As meninas dançamos enquanto vocês ficam sentados a beber e a conversar (se é que se pode conversar por cima da música). Vem dançar connosco, vem, vem, penso, e nesse instante tu e outro amigo vêm à pista e entram no nosso círculo.
Danço para ti e tu sabes disso. A música me leva e quero que o mundo desapareça e só fiquemos nós dois a dançar. Não agüento mais. Chego ao pé de ti e ofereço-te a fina cadeia prateada que rodeia minha cintura. Tua mão a aperta e eu puxo o outro extremo.
Agora estás tão perto como te quero. Vamos.
Dançamos como se amanhã não houvesse outra noite. Tua coxa entre as minhas, nossas pelves juntas, tuas mãos na minha cintura, ao ritmo da música, os olhares cruzados e os lábios entreabertos.
Viro-me de costas para ti. Sinto teu corpo encostado no meu. Teu calor, teu suor. Tuas mãos marcam meus movimentos. Levanto os braços e os coloco ao redor do teu pescoço. Um dedo acaricia-me... O queixo, a boca... Beijas-me.
Minha pele se prepara para decorar teu toque. Um gemido escapa dos meus lábios.
Saimos dali às pressas, de mãos dadas, rindo como crianças. A praia nos espera... E tu és quem conhece aqueles lugares pertinho da falésia...

quarta-feira, abril 26, 2006

Sol Sol Sol!!

O sol da capital é lindo e esquenta até as almas mais frias*. Já dá para sair de blusa de alcinhas e a vizinha é feliz quando sente o calor na pele, o branco a tornar-se dourado, a luz quase a magoar os olhos escondidos por trás dos espelhos azuis dos óculos.
E a vida pode ser tão boa às vezes... Perfeita na sua simplicidade, maravilhosamente nova.
Chá com gelo para todos!
P.D.: Querido Phil, nem tudo é desânimo ;)
* Meu querido cavaleiro, obrigada pelas palavras e pela amizade. Sempre!

terça-feira, abril 25, 2006

Abril

A tomar um chá e coberta por uma manta, a vizinha pensa... Abril tem sido o mês das despedidas. Das surpresas desagradáveis. Do trabalho non-stop.
Não quer saber mais; reconhece uma despedida quando a ouve. Tudo foi muito repentino; chegou tão rápido como foi embora. Mas talvez seja melhor assim.
O chá queima a língua e a garganta e faz cócegas na alma.
Abril tem sido um mês de merda. Mas maio é o mês das flores... E da alergia ;)

segunda-feira, abril 17, 2006

Adeus, poeta

A vizinha entrou na banheira e abriu a torneira. Precisava mesmo de água quente, água para lavar as feridas, para levar consigo toda a sujeira e o pó acumulado aqueles dias.
Tinha se apaixonado por um poeta e acabava de perceber por que ele já não gostava mais dela.
Era assim, ele a queria inalcançável, distante, fria, para admirá-la e dedicar-lhe seus escritos. Uma deusa de mármore. Não estava interessado na mulher, apenas na musa.
Mas ela era uma mulher, e o amava como uma mulher, com os desejos, as ânsias, os medos e a impaciência de uma mulher.
Não há entendimento possível entre eles. Ele não estava apaixonado por ela, mas pelo próprio sentimento. Precisa do sofrimento, da angústia, da incerteza e não do contacto. Apaixona-se pelo brilho acetinado de uma pele branca sobre lençóis escuros, seja a dela ou não. Ele escusa os beijos, os olhares húmidos, as mãos quentes; só gosta deles uma vez. Depois jã viraram conhecidos e cansativos.
A vizinha abriu mais a torneira. Entendeu que ela era mais um parágrafo na vida dele, um parágrafo e mais nada. Um escalão na sua procura da perfeição artística. Um meio e não um fim. E a água lavou suas lágrimas e acalmou as mágoas enquanto duas palavras escapavam dos seus lábios...
Adeus, poeta

quarta-feira, abril 12, 2006

Até logo!

A vizinha está a arrumar as malas para sair de férias uns dias... Infelizmente, não vai a Lisboa nem a São Paulo, mas a uma aldeia perdida no meio de algum lugar à beira do Cantábrico. E não tem net. Que alguém prometa que vai informá-la de todas as novidades à sua volta...

Desde já, saudades, saudades, saudades...

terça-feira, abril 11, 2006

Lisboa...

(me matas, me matas, me matas)

segunda-feira, abril 10, 2006

Amanhecer

Olho-te enquanto adormeces... A luz do sol traça linhas caprichosas sobre tua pele nua e sorris, tranquilo, feliz.
És tão lindo... Vulnerável, lindo e meu. Teu respiro... Acerco-me da tua boca e aspiro teu hálito, tão fresco. Acaricio teu cabelo.

Mal posso agüentar tanta felicidade; parece-me que meu coração vai quebrar-se de um momento para outro. As lágrimas assomam nos meus olhos e caem sobre teu peito enquanto te agradeço em silêncio tua existência.

Quando acordares, já terei desaparecido.

quinta-feira, abril 06, 2006

Desabafo (podem pular)

¿Y si te digo que te metas esa estúpida actitud de autosuficiencia por tu bonito culo lusitano?

Desculpem a língua e a linguagem, mas precisava desabafar.
Agora, continuem com sua leitura. Obrigada.

P.D.: Não é para ti, Lord. Nem por isso!

terça-feira, abril 04, 2006

Nota

Se alguma coisa que eu disse te fez sentir mal, eu queria dizer outra coisa... Sempre.

sábado, abril 01, 2006

Palavras.

Não me dediques tuas palavras. As palavras não podem matar minha fome, nem satisfazer meu coração maldito.
Guarda seu som para alguém que saiba valorizá-las; eu não as quero. Quero é teu corpo, teu cérebro, teu olhar, quero desgarrar tua alma com esta ânsia que raia a loucura e devorar-te até virares parte de mim.
Sem meios termos. Isso é para os débeis.