sexta-feira, setembro 28, 2007

Nova etapa

Chegou o outono... A vizinha já arrumou todas as botas de inverno para levá-las ao sapateiro e guardou com peninha as sandálias no armário.
Com o verão lá se foram o calor, a preguiça, as camisolas de alcinhas, os kimonos curtos, o prazer da brisa no pescoço... Mas também as pressas, o atravessar a cidade de um lado até ao outro carregada de livros e a pressão dos pais das crianças que acham que uma explicadora pode fazer milagres.
Agora a vizinha olha para o armário com uma mistura de saudades e alegria. Porque a nova etapa, a mudança definitiva, chegou. Agora tem tempo e espaço mental para enfrentar o último ano, para deitar quinze minutos depois do almoço, para combinar com os amigos, para estudar línguas (bom, isto último talvez ainda não, mas ela gosta de pensar que sim).
E como ela está a gostar da nova etapa... Chefes dos que aprender muito, bom ambiente de trabalho, um horário que não é mau demais... E uma farda branca absolutamente horrorosa que a chefa tenciona trocar por uma cor-de-rosa...
Mas quem disse que a vida é perfeita? xDD

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terça-feira, setembro 25, 2007

Ainda bem que nunca topo... xD

O senhor Alves passou-me este jogo e, por uma vez, vamos seguir a linha... Para que não digam que sempre gosto de ser a ovelha preta. ¡¡Señor Alves, por ser vos quien sois!!

- Mídalo y sea B.
(Dios creó los números, ed. comentada por Stephen Hawking; página 61)

1. Pegue o livro que estiver mais próximo.
2. Abra na pagina 61 e copie a quinta frase completa.
3. Poste a frase no blog, não esquecendo de colar o link de quem enviou.
4. Não escolher a melhor frase, nem melhor livro.
5. Repassar pra 5 blogs.

(Agora sim, vou ficar com fama de nerd para o resto dos meus dias... E não posso dizer que não mereça!!) xD

Os amigos cá embaixo... Teriam a amabilidade de aceitar meu convite??

Dom Quixote
Phil's Studio
Carla
Wichard
Álvaro

Fanciulla

Chega ao pé de mim com esse sorriso bailando num canto da boca e roça meu pescoço com o nariz. Lascivo, provocante, irresistível.
- Como cheiras bem, Nin...
Sorriso aberto para mostrar os dentes perfeitos, grandes e brancos, num gesto malandro, quase ameaçador.
- Só dá vontade de morder-te.
- Mas não vais fazer; um homem que morde uma cadela daria uma notícia no telejornal.
Gargalhada. Exibe a pele macia onde a barba termina, a curva deliciosa do queixo, o contorno da covinha que lhe dá um ar meio infantil.
- Tu não és o que dizes. Fazes conta que és má, mas a mim não me enganas.
- Não sou má, é só que estou cansada...
- De mim?
- De ti e de teu jogo.
O avanço se detem. Levanta a sobrancelha com incredulidade e pega meu queixo com ar tranquilo. Devasso, lúbrico, sensual. Algo em mim fraqueja, mas aguento seu olhar com uma calma absolutamente fingida.
- MeNINa, o que é isso? Ma tu sei la mia...
- No. Io non voglio essere la tua fanciulla.

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segunda-feira, setembro 24, 2007

Vivendo e aprendendo

- Então, por que já não falas mais com o Enzo?
- Falo, falo.
- Nunca vos vejo conversar como antes... Afastaste-te dele.
- Isso é porque a gente foi à cama.
- Foram? Ah, conta-me isso!! Foi bom? Como não mo tinhas dito antes?
- Não interessa. É só que agora ele não me diz nada... Tenho que ser eu a cumprimentar e, invariavelmente, ele termina por falar de política e só política.
- Xii... Que chatice!
- Nem imaginas. Seu ego é o maior que já vi... E não tenhas a coragem de me perguntar pelo tamanho do resto, porque não vou contar.
- Mas, meNINa, vocês eram muito amigos... E agora vais deixar a vossa velha amizade terminar assim, só por uma questão de cama?
- Eu não deixo terminar nada... Ele já acabou com tudo quando me disse "adeus". Deixou muito claros os termos entre nós...
- E tu te sentes magoada porque ele quer menos do que tu...
- Não, eu me sinto magoada porque pensava que entre nós não era preciso dizer essas parvoíces. Se sentiu que tinha que dizer, é porque realmente não éramos tão amigos quanto eu pensava.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Brincadeiras que fazem chorar

Será que consigo vomitar esta tristeza toda definitivamente?
Será que é possível sarar esta ferida sem sentir que te expulso da minha vida?
Porque adoraria despedir-me desta dor para sempre e dizer-te "adeus" com o coração em paz...
Ontem estive a teclar com a tua menina... Tento não falar de ti, para não fazer com que ela se sinta triste, mas ontem lá apareceste tu enquanto brincávamos sobre coisas parvas.
- Chiquita, tu sabes que se eu fosse lésbica, ficava contigo!!!
- Ah, Nin, e eu contigo... Quando ele vivia, já falámos que eu nunca faria um menáge, mas se fizesse tinha de ser contigo! E olha que ele alinhava!
E ela não sabe, graças ao messenger pude disfarçar, mas chorei que nem uma criança ao lembrar de ti... Onde quer que estejas, espero que estejas bem, porque cá ainda se sente muito a tua falta.

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terça-feira, setembro 18, 2007

Outono interior

Sentada à turca sobre uma almofada no tapete, a vizinha ouve Yoshida Brothers enquanto lê Eça de Queiroz. É de novo a tranquilidade depois da tormenta; é a felicidade simples de ter uma almofada grande e macia e um copo de chá ao lado, um bom livro e boa música para esquecer o mundo.
O telefone toca. A vizinha atende, zangada com aqueles que ousam tirá-la do seu descanso. É uma companheira da faculdade, a perguntar como vai no novo emprego. Ela explica que adiaram a data de começo porque o chefe tá doente com qualquer coisa contagiosa e que aproveita estes dois dias para descansar. Fazem fofoca dos companheiros. Criticam os professores. Combinam para trocarem uns livros. A vizinha desliga e atira o telemóvel para o canto mais remoto do sofá.
Cinco minutos e o telemóvel toca de novo. A vizinha se estica para ver quem é. Ele. Coloca uma almofada sobre o aparelho e ameaça com asfixiá-lo se continuar a atrapalhar. Volta ao seu livro enquanto bebe um gole de chá.
Cansou das aventuras, dos jogos, dos homens que se fazem de interessantes, dos que fingem ter conversa para conseguir o que querem, dos que nem sequer fingem porque se acham cativadores, das mentiras que eles chaman de sedução.
O livro sobre os joelhos, sentada à turca sobre a almofada, os pés descalços e a alma em paz, a vizinha regressa ao mundo dos Maias e não tenciona voltar até não ter aprendido uma ou duas coisas.

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sábado, setembro 01, 2007

Convite

O homem olhou para ela com intensidade, sabedor do seu encanto, e deixou cair as palavras devagar, como se formassem um feitiço:
- Volto à capital daqui a duas semanas... Queres jantar comigo?
E, de repente, a Vizinha sentiu-se muito nova e corou... Porque aquele homem, dez anos mais velho do que ela, em sabedoria e experiência era quase um ancião.
Ele sorriu, consciente do seu poder, e estendeu uma mão num ademã convidativo.