domingo, outubro 14, 2007

Voltas e reviravoltas

Os amigos chegam, os amigos vão-se embora.
Escolhem seus caminhos e nós só podemos respeitar e desejar o melhor, dar um conselho se é que nos pediram e dizer "adeus"...
Os amigos chegam e vão-se embora como o resto das pessoas nas nossas vidas, para o bom e para o mau. Uns nos deram tanto que sentimos o coração apertado, com outros a partida é um alívio e quase dá vontade de murmurar esse provérbio espanhol que diz "tanta gloria lleves como paz nos dejas".
O curioso é que, sempre que alguem sai, a vida faz entrar outra pessoa para o quadro ficar sempre completo.
O Enzo ligou. Não sei bem porquê, eu não tinha contado para ninguém o que aconteceu há uns dias, mas ele ligou e marcámos para um café. E conversámos por horas, sem amargores, como quando ainda estávamos na secundária, a consertar o mundo e as vidas de todos como os visionários nerds que somos... Religião, política, história, ovnis, qualquer coisa era boa, como há anos.
E como me soube bem recuperá-lo. Não contei nada para não estragar a tarde, mas tirámos a limpo tudo entre nós e quando nos despedimos, foi ele a dar-me o abraço de sempre, apertado e comprido.
Obrigada, Enzo. Não saberás nunca como foste oportuno.

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quarta-feira, outubro 10, 2007

Adieu

Tratei-te como uma irmã. Eras mais uma de nós na minha casa, na minha mesa, na minha vida. Eu cuidei de ti quando deixaste o teu namorado, quando começaste a tomar remédios para a depressão, quando decidiste mudar-te para outra cidade, quando o Bruno te deixou, quando perdeste teu emprego, quando choravas porque não sabias se gostavas da tua profissão.
Perdi horas de sono contigo, perdi horas de lazer contigo, mas não as considerava perdidas porque eras minha amiga. O importante era que tu te sentisses bem, o resto não me interessava.
Dei-te toda a confiança, toda a liberdade, dei-te até demais. E tu tiraste proveito de mim.
Mas agora, decepcionada, zangada, agora que passou a raiva e posso pensar com claridade, não consigo me lembrar de um momento ao contrário. Não consigo saber quando foi a última vez que ligaste para ver como eu estava, não consigo me lembrar se alguma vez fui eu a chorar no teu colo, não vejo na minha cabeça uma cena de ti a cozinhar para nós duas como eu fiz para ti ainda anteontem.
Não és minha amiga.
Há coisas que não se fazem nem mesmo tendo licença. Há coisas que não se fazem e pronto, mas tu não te importas com nada.
Anteontem vieste à minha casa mesmo para isso e esperaste até eu sair para atingi-lo.
Há um adjectivo para ti, mas eu sou uma dama. Por isso não te disse nada quando voltei e soube o que tinha acontecido, por isso me fechei no quarto sem querer jantar com vocês. Sentia tanta ira, tanta raiva, que se tivesse falado podes ter a certeza que teriamos acabado aos gritos... E tu com a mala na porta. Só não o fiz porque não havia autocarro para tua aldeia naquele horário. Sorte tua.
Agora pensa: se eu sou uma dama e tive a elegância suficiente para não gritar na tua cara, o que és tu, que não respeitas nada nem ninguém?
Adieu, catin.

terça-feira, outubro 02, 2007

Mulher com livro

Vocês não se lembram, mas há uns meses andávamos a perguntar-nos pelas histórias ocultas num dos quadros da casa dos meus pais...
O senhor Alves, sempre criativo, recolheu o desafio e criou uma história a partir de um deles. Cá vai o texto, que eu achei lindo e imaginativo, as always.
Obrigada, senhor Alves. ^

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