quinta-feira, junho 28, 2007

Zéfiro

Olha através das janelas da minha alma.
Abri-as para ti e quero que vejas esta paisagem.
Ninguém mais conhece o que tu vais contemplar agora.
Minha vulnerabilidade, minha fragilidade,
os medos, as esperanças, as alegrias.
Ninguém viu nunca as cores do meu espírito
como estou a mostrar para ti agora
porque nunca desnudei as misérias e as glórias
perante os olhos de um estranho.
Sente o zéfiro que agita brandamente
as folhas de meus sentimentos
e olha-me e diz-me se entendeste
a única verdade que importa agora.

Sou uma mulher apaixonada.

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quinta-feira, junho 14, 2007

Amantes e amigos

Meu amigo, meu amigo do peito. Meu amigo que agora se dispõe a ultrapassar a delicada fronteira que nos manteve ponderados durante anos. Meu amigo que me segura pela cintura com a confiança de um lutador.
Meu amigo, és meu amigo. És meu amigo e finalmente surpreendo no teu rosto o sorriso cheio de cobiça do homem que contempla quem, daqui a pouco, terá nua e ofegante entre os braços.
Ainda somos amigos quando tua boca invade a minha, as pelves apertadas, os olhos entreabertos, somos amigos quando sinto o gosto da tua língua e a pressão das tuas mãos sobre o corpo, somos amigos enquanto as peças de roupa caem entre risadas.

Agora somos apenas um homem e uma mulher, sem passado nem futuro, dois corpos que descobrem a maneira de encaixar quase perfeitamente entre lençois escuros. Quero-te tanto, quero-te assim, aqui e agora...

Olha-me. Olha-me com a nova consciência do que somos agora: há este vínculo entre nós. Há a velha amizade, há a eterna atracção, há a pergunta que nenhum de nós faz neste momento do primeiro silêncio compartilhado.

Penso que sempre fomos amantes, mesmo antes de falar sobre isto, antes de sabermos o que queriamos, já existia esta conexão entre nós... E perco o fio dos meus pensamentos quando sinto teus lábios de novo a explorar-me, assim, sem pressa...

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terça-feira, junho 05, 2007

Malditos

Lea tinha virado uma pessoa sarcástica quando ainda era nova demais para perceber a dor que causava o sarcasmo. Agora, mais velha, não só entendia como gostava dessa dor. Era uma arma poderosa.
Lea se defendia com o sarcasmo para o resto do mundo não penetrar sua armadura porque era vulnerável. Seus amigos sabiam disso, mas eram poucos.
E é deles e dela que vamos falar.

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