terça-feira, fevereiro 28, 2006

Para fugir desse canto

O novo emprego da vizinha, como imaginava, é uma bosta do tamanho de uma igreja. Enquanto a gerência decide se muda ou não seu departamento ao andar acima, ela já "customizou" seu lugar. Lá podem ver esse post-it na parede com dois versos nele:
"close your eyes and let the pleasure take you one more time...
... there's no need to get back to the world you know"
*
E para quem conhece a letra, as palavras sobram.
Fica para amanhã a história do power no Metro de Madrid ;)

*(Blasted Mechanism, Spasm)

Poesia

Ela nem se apercebeu do momento em que tudo começou. Foi a noite? Foi a escuridão? Foi aquela voz, grave e pausada? Ela não saberia dizer, mas o certo é que o clima a impeliu, pouco a pouco.
Ele continuava a falar, sob o silêncio dela, que os envolvia como um céu tranquilo. Sobre música ou talvez sobre qualquer coisa parva, mas ela achava a voz linda e apelativa; por vezes, nem dava atenção ao conteúdo, levada pela magia.
Ela não sabe quando passou, mas passou. Foi apenas uma mudança quase imperceptível, um respiro, mas passou. E ele o notou, daquele seu lado do mundo, e perguntou o motivo daquele silêncio prolongado.
E ela suspirou.
E ele percebeu.
E ela suspirou mais uma vez.
E ele disse que aquilo era poesia.
E ela se apaixonou pelo proprietário daquela voz capaz de encontrar beleza nas coisas mais banais e continuou a suspirar por ele, para ele, exibindo-se num acto privado que só eles dois entendiam...

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Reclamações

Amanhã é meu primeiro dia no novo trabalho. Hoje fiz a entrevista para aquela outra empresa, mas o ambiente era tão sórdido que não consegui convencer-me de que a diferência de salário valia a pena. Fizeram-me falar em inglês durante uma hora, escrever uma carta, contar minha vida em verso e eu pensava "nossa, como é estúpido estar aqui".
Além disso, nevava. E a estrada estava impracticável. Demorei uma hora no carro para voltar a Madrid. E a instalação do iPod não funcionava, assim que só tinha duas opções: o rádio e o CD da Madonna. As duas opções não são nem metade de boas do que minha selecção própria, mas pronto... "every little thing that you say or do..."
Por isso decidi que amanhã vou ao novo escritório de calças de ganga. Se gostam, tudo bem. Se não gostam, é só dizerem, que eu continuarei a usar calças de ganga. Ainda bem que vou ir de camisa e não de camiseta, hehehe... Que não reclamem!
Depois disso, duas aulas com meus queridos miúdos... E depois...
Sábado, exame. Domingo, laboratório. E os felizardos dos vizinhos (boa noite, Portugal!!) a preparar-se para a Lousã. A vida não é justa!!! ;)

Decepções

Passamos nossas vidas a esperarmos por momentos que nunca chegam... Ou que chegam quando já não os esperamos, quando a força do costume nos fez ficar decepcionados.
E então nos perguntamos se valia a pena desejar aquele momento com tanta vontade ou se foi só uma infatuation de tantas...
Eu digo: não fiquem a esperar. A oportunidade tem asas nos pés para nunca se deter e o cabelo curto na nuca para não conseguirmos agarrá-la. É só sermos mais rápidos do que ela.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Para conhecerem a vizinha...

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segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Ciber-Voyeur

A vizinha sente-se hoje mais voyeur que nunca. Está a assistir ao começo dum relacionamento, assim, ao vivo, tipo um "Big Brother" do coração e de um pouco mais abaixo, mas criado por bloggers.
Não pode conter a curiosidade e os protagonistas da história também não querem ocultar o que está a acontecer. Tudo começou no blog dele. Um simples comentário. Resposta no blog dela. No começo, inócua... Ou isso parecia.
A vizinha não foi convidada ao nascimento dessa história, mas também não lhe proibiram olhar. E assiste com o estupor de quem contempla um experimento largamente esperado. Os sujeitos do experimento trocam palavras, trocam desejos, trocam vontades e presentes, mas não podem olhar-se, tocar-se, saciar-se.
E ela compreende a sensação, o desespero, a ânsia cega dos famintos, porque já se sentiu assim.
Mas agora simplesmente olha, com carinho e um bocadinho de pena, porque sabe também que provavelmente ficarão na vontade. Ou mais provável ainda, o sentimento morrerá pouco a pouco, como uma planta sem sol nem água suficiente, agonizando devagar, perdendo a cor e a vida perante os olhos do mundo, que assiste à cena confortavelmente sentado.
Mas já aconteceu tantas vezes desde que o mundo é mundo... E acontecerá tantas ainda... A vizinha só espera que essa história consiga escapar do destino que já partilharam tantas outras histórias.

domingo, fevereiro 19, 2006

Fôlego

Inspira.
Espira.
Inspira (vamos).
Espira (vamos).
Inspira (assim).
Espira (vamos).
Muito bem.
Inspira.
Espira.
Inspira.
Espira.
Inspira.
Vamos.
Vamos.
Vamos.
Vamos.
VamosVamosVamosVamosVamosVamosVamosVamosVamosVamos...
Espira.

sábado, fevereiro 18, 2006

Mudanças

A vizinha muda de emprego, de horário e de tanta coisa... Será que no novo escritório vai poder usar o msn? Aceitam-se apostas sobre sua capacidade de permanência num emprego sob as ordens duma chefa (dica: a vizinha já foi freelance durante três anos e meio!)
Bom fim de semana para todos...

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

A música que só nós ouvimos

Vem dançar comigo... Envolve-me nos teus braços. Voltas, voltas, voltas... Os pontos de luz viram raios, teu sorriso vira uma gargalhada, minha saudade vira alegria.
Vamos dançar. A música é nossa, a noite é nossa. Quero perder-me nesse olhar teu e não voltar nunca. Pertenço-te.
Dança comigo. Dança para mim. Hoje é a noite: só nós ouvimos esse som...

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Chamada

Sou eu. Sou essa mulher que te assusta porque não podes competir.
Sou essa mulher capaz de fazer tudo o que tu fazes melhor, mais rápido e com mais elegância. Não quero me gabar, mas tens que admitir que não podes comparar-te.
Sei que estás aí, a olhar para estas linhas e pensar: "meNINa convencida!". E erras, como sempre. Sou simplesmente realista.
Pensas se estou a provocar-te. Pois. Estou. Claro que estou! Vamos ver se reages. Fala. Diz alguma coisa. Manifesta-te. Ou cala para sempre :P

sábado, fevereiro 11, 2006

Fábula

Para tantas coisas e con tanta delicadeza foi meu Pigmalião, que adorei sentir-me sua Galatéia.
Realmente, como ela, corei no dia em que ouvi sua voz.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

(sólo a veces)

A veces
Es muy difícil
Volver desnuda
De un sitio que nadie más conoce,
Donde tú misma no habías estado nunca,
Y tener que decirle al mundo
Que estás bien
Y que no echas de menos
Nada de lo que aún no has vivido.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

De volta

A vizinha volta a casa às nove da noite. Nessa hora, atrapalha tudo: atrapalham os brincos, atrapalham os saltos, atrapalha a costura das calças, atrapalha o cansaço.
Mas é o melhor momento do dia, porque está completamente só. Às vezes todos precisamos da solidão para nos encontrar. Ela aproveita os vinte minutos de caminhada para observar o mundo, desde o garoto que faz jogging no parque até os miúdos que ainda voltam do futebol, da piscina ou das aulas de inglês.
De quando em quando olha o céu, mas não muito (vocês já sabem por quê). Está sozinha com sua música, com seus pensamentos. É assim como deve ser.
Já percorreu tantas vezes esse caminho e ainda às vezes encontra novidades nele. Uma árvore na qual nunca tinha reparado, uma casa com pintura nova, uma loja de sei-lá-o-quê... E é seu momento, seu e de mais ninguém, até abrir a porta de casa e entrar no seu pequeno mundo. E tirar os sapatos e caminhar descalça pelo corredor, até a cama...

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Tempo e vontade

Quero simplesmente ter tempo para perdê-lo sem me sentir culpada. Quero poder pegar esse livro sobre a vida da Lucrezia Borgia e ler ler ler ler sem ter que deixá-lo para voltar ao estudo.
Quero esquecer da técnica de traçado de raios e dos problemas de potências oculares. Quero poder ouvir música com o som ao máximo e dançar sozinha.
Quero dar um pulo até tua casa e dormir sob os teus lençóis, espreguiçar-me na tua janela, beber da tua boca. E escrever meu nome com a ponta do dedo no teu peito, com essa tinta invisível que só tu e eu podemos ver...

domingo, fevereiro 05, 2006

Domingo sem aulas

A vizinha tem aulas todo sábado e todo domingo, embora pareça incrível. E o mais incrível para ela é que, pela primeira vez desde há vários meses, este domingo é "feriado". Sem aulas, sem provas, sem laboratório, sem bata branca.
Hoje pode disfrutar do prazer de ficar em casa, de sentir a luz a entrar pela janela, o cheiro do jardim molhado e das roupas limpas que deixou secar no terraço.
A vizinha pega um livro para ler perto da janela, o sol a iluminar as páginas e a esquentar as suas pernas. Hoje, ela tem todo o tempo do mundo e não quer saber de pressas nem correrias. O prazer da vida reside nessas coisas simples. Não quer ligar o aparelho de som; tem a música na cabeça e é mil vezes melhor do que ouvir realmente, principalmente porque dessa música só serve o começo: "Dream on, dream away... I think I'm gonna have to say: stay forever..."
Mas a vizinha sabe que nada nem ninguém fica para sempre. Nem ela própria. Então, sua cabeça toca outra música, cuja letra ela se esforçou para esquecer. E deixa o livro, estira as pernas e fecha os olhos, sorrindo ao sol, sorrindo à vida, agradecendo a ocasião, mais uma vez.

sábado, fevereiro 04, 2006

WoW!

I've felt the power of the Blasted Empire...!!!

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Agenda lotada

Amanhã a gente vai ao show do Blasted Mechanism... E sábado tenho uma prova. Antes do show, vou à estheticienne. Será que consigo sobreviver, tirar tempo para estudar e ainda fazer a prova (nem falo sobre passar!!)?? Olha que stress!! Hehehehe...
Sei o que estás a pensar: meNINa, desliga o computador e volta aos livros!!!!
E estás certo/a. ;)